Ontem fomos ao aniversário do Tio Cláudio. Curtimos até altas horas. Dançamos juntas e tudo. Só não ficamos mais porque você iria hoje ao batizado do seu priminho Luiz. Seu pai te buscou por volta de 11:30hs e lá se foi você, com o combinado de que só voltaria na terça-feira a noite, pois só teria aula a partir de quarta-feira.
Por volta de 21:30, você me liga, quase chorando, dizendo que esta com muita fome, mas que não consegue comer pois sua barriga tá doendo muito. Ok. Faço todo o questionário de mãe pra descobrir a fonte da dor. Nada. Digo pra você tomar um banhozinho, tentar comer um pouco e na hora de deitar pressionar um travesseiro na barriga.
Você diz que não, que não vai parar de doer, que quer ir embora. Que é pra te buscar e tals. Ligo pra sua tia e não consigo falar com ela. Ligo de volta e já chorando. Diz que não quer dormir lá, que não consegue dormir. Pergunto o porquê e você diz que te falaram que quando uma pessoa morre ela fica ainda por 7 anos na casa. Estava falando do seu avô.
Eu disse que isso tudo era bobagem, que você sempre foi corajosa, que nunca acreditou nisso e que mesmo que fosse verdade, seu avó jamais faria algum mal a você. Daí disse que de madrugada ouvia barulhos vindos da geladeira e "tic tac's". Dei uma risada e disse: "mas claro! é a geladeira e o relógio da sua avó!". Mesmo assim não deu certo, você já estava em prantos dizendo que queria ir embora que não conseguia dormir lá. Sua avó pegou o telefone e disse que iria pedir pra Jú te buscar. Ok. Fazer o quê?
Liguei pra você de novo. E já estavam indo te buscar. Já estava mais calma e começou a me contar que você já tinha esse medo a mais tempo e que um dia foi enviar uma mensagem pra Jú pedindo pra ela te buscar e o pessoal da casa da sua avó viu e ficou rindo da sua cara, e todo mundo que chegava ficava sabendo e rindo da sua cara. Disse que não gostou e que nunca mais iria contar nada pra ninguém. Eu disse que isso não pode. Que rir é um problema deles é só não dar bola. Que tem que contar as coisas sim e que quanto não conta pode acontecer até algo mais grave.
Filha, não sei o que fizeram, o que e o quanto te contaram e te amedrontaram, você sempre foi corajosa (até mais do que eu) e agora eu te "proíbo" de ficar medrosa. O medo é bom, é um gatilho pra reagir, mas medo de bobagens não, isso mina você e te torna fraca. Não vou deixar você ficar assim, luto contra tudo e contra todos para te defender, proteger e injetar coragem. Ouviu bem?!
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