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Saudade dele.

Amor, hoje, logo após a oração para dormirmos, não sei poque, resolvi finalmente perguntar qual o conteúdo daquele bilhetinho. Aquele que você escreveu atrás de uma foto e entregou para seu pai no dia em que ele veio buscar o resto das coisas dele, logo após a separação.

Você se comoveu, a voz embargou e de forma quase silábica confessou: "Escrevi que amava ele e que era pra ele voltar pra casa..." e desabou a chorar.

Sem saber como administrar a situação que eu mesma provoquei, tentei: "Mas amor, seu pai tem a namorada, e você gosta dela, não é?". E você me respondeu ainda em lágrimas: "Gosto. Mas quero ele morando aqui! Eu fico com saudade dele...". O que você sente é saudade, boneca.

A separação é definitiva e você precisa se acostumar. Quem sabe um dia, seu pai caia em si, e deixe de ser seu irmão mais velho, seu padrinho, seu amigão e seja de uma vez por todas seu "pai". E então preencha essa falta que você sente, não sabe explicar e eu tento preencher. Sempre tentei preencher.

Talvez um dia ele se toque do que esta perdendo e de quem esta perdendo, e seja presente como pai e não como um padrinho que mora na cidade vizinha e só aparece para um passeio no parque e comer pipoca.

Amor, me desculpe por ser tão sincera, mas não tem volta.

Essa saudade que sente do seu pai sempre existiu, mesmo quando ele morava com a gente. Ele não pode voltar pra casa, porque ele nunca esteve realmente em casa. Ele nunca foi de fato nosso. Da mamãe não dá mais tempo de ser, então tomara que ele acorde a tempo de aproveitar e criar a filha maravilhosa que tem. 

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