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O dia em que o país acordou.

Boneca, hoje cheguei tarde do trabalho. Uma hora e meia de atraso, mas foi por um bom motivo. Vi muitas viaturas. A Praça 7 estava tomada. Muitos manifestantes. O ônibus foi desviado por policiais. Chegando quase no túnel, vi muitas pessoas que seguiam rumo a Praça 7. Elas seguravam cartazes. Gritavam frases de ordem. Nos chamavam ao combate também. Confesso que tive muita vontade de descer e seguir a tropa. Mais tarde, assistindo ao jornal, vi que realmente eles voltavam de um combate. Eles estavam caminhando rumo ao Mineirão pela Av. Antônio Carlos. Pretendiam chegar ao estádio pois estava acontecendo um jogo da seleção brasileira e lá com certeza seriam vistos e ouvidos pela imprensa nacional e internacional. A polícia recebeu ordens de não deixar passar. E não deixaram. Jogaram bombas de gás lacrimogênio e deram tiros de borracha em quem ousasse ultrapassar o cordão de isolamento. Enfim, sabe pelo que eles estão lutando, filha? Por você. É, por você, por mim, por eles, por um futuro melhor pro país. Pelo fim da corrupção, pelo fim da impunidade, por segurança, por educação e saúde de qualidade. E por tudo mais que esta muito, mas muito errado nesse país. Você aí, tão pequena, acompanhando tudo e não entendendo nada, ainda vai estudar muito sobre isso na escola. Sobre a "Revolução dos Vinte Centavos". Você vai ver como o país saiu dessa eterna letargia pra lutar por melhorias fundamentais e urgentes. Estou gostando muito desse movimento todo no país, sabe? E estou querendo muito ir a luta também. Estou querendo me alistar nesse exército do povo e lutar por um futuro digno pra você, minha Princesa.

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Minha adolescente

Filha, você é uma garotinha tão bacana. Longe de ser o tipo de adolescente chato que tanto me amedrontou. Você é bacana, conversa, dança suas danças, ouve suas músicas e as minhas, sai as minhas saídas e se diverte, conversa com meus amigos, é tão sorridente... Você é minha companheira em casa também. Lava louças, arruma, fica comigo enquanto cozinho ou cozinha pra mim, como fez estes dias mesmo. Estava há dias pedindo para cozinhar pra mim, que era para eu comprar os ingredientes. Comprei e você fez o macarrão de panela. O resultado não ficou muito bom, você ensaiou uma decepção, mas a sua iniciativa foi tão linda que compensou tudo. Você faz suas unhas, cuida do seu cabelo, cuida maravilhosamente dos seus dentes (segundo a própria dentista), arruma sua própria roupa, lava roupas, arruma todo o seu material e uniforme de escola um dia antes. Não me lembro da última vez que tive que acordá-la para ir pra escola. Você assumiu a suas responsabilidades. Acorda, se arruma, lancha...

Nós

Gostamos de fazer as coisas juntas, dormir (abraçadas, mesmo eu dizendo que tô com calor), comer, assistir filmes e todos os tipos de passeio (inclusive os de adulto em que imploro ao gerente para deixar você entrar). Dividimos músicas que gostamos, completamos o pensamento uma da outra, rimos das mesmas coisas e debochamos das mesmas coisas também. Gostamos de dançar abraçadas na cozinha ou simplesmente ficarmos em pé abraçadas na cozinha. Nosso ritual da saudade, da carência ou apenas do amor que sentimos uma pela outra.  Somos perfeitas juntas. Somos tão mãe e filha que chega a doer o coração de tanto amor. Te amo mais, pra sempre e até o infinito,  Amorzinho. (Enquanto estou aqui, escrevendo, sentada em minha mesa de trabalho, olho para a esquerda e te vejo ali, tão linda, cabelo verde, mil pulseiras no braço, dois brinquinhos em cada orelha, fones de ouvido e toda a vontade no sofá da firma. Obrigada Deus! Te amo, Amorzinho!)