Desde que a princesa nasceu, nunca mais tive mãe. A "mamãe-vovó" sempre foi só dela. E não fui só eu que saí perdendo, meus irmãos também perderam a mãe e meus sobrinhos perderam a avó.
Não posso deitar no colo de minha própria mãe que lá vem ela, empurrando daqui, arrumando uma desculpa dali, até me arrancar de lá e pular no colo da vovózinha.
Há alguns dias, quando estávamos saindo da igreja, saí de mãos dadas com minha mãe e ela de mãos dadas com a Titia Zaia na nossa frente. Quando ela olhou para trás e viu aquele absurdo, tratou de largar a mão da titia, correu e separou nossas mãos e ficou de mãos dadas com a vó o resto do caminho.
Sempre me pego usando frases com a Lara que ouço ou ouvia de minha mãe. Mas duas me marcaram mais. Estava "discutindo" com a boneca sobre a importância dela usar a cadeirinha dentro do carro. Ela dizia: "Mas mamãe, fulando não usa!". Respondi: "Não me interessa, fulano não é meu filho, você é!". E em outra vez, não me lembro muito bem o motivo do impasse, mas ela virou pra mim e disse: "Mas todo mundo faz isso!". E eu: "E daí? Você não é todo mundo, você é minha filha!".
Estes dias, tenho tido uma tosse constante e tenho andado muito abatida, nem sei se é gripe, mas enfim, minha mãe pegou no meu pé, queria que fosse ao médico de qualquer jeito. No meio da discurssão disse: "Mas mãe, tá todo mundo tossindo, isso deve ser por causa do tempo seco!". E ela me respondeu: "E daí? Você não é todo mundo, você é minha filha!".
Por alguns dias ao menos, ganhei colo e leite queimadinho com canela. Por alguns dias, a princesa me permitiu ter minha mãe de volta.
Comentários
Postar um comentário